terça-feira, setembro 04, 2012

crystal clear

Finalmente consegui ver de relance os meus vizinhos do lado.
Estando a lavar a loiça, reparei de soslaio num vulto na varanda ao lado. Uma criatura (imagino que seja o MacGyver da cana de pesca), fumava pacatamente um cigarro.
Mais tarde detectei movimentações na divisão em frente à minha cozinha, que corresponde à casa-de-banho deles. E fez-se luz, uma imensa luz.
Vi a janela aberta, com as cortinas de renda florida do melhor poliester espanhol a ondularem, uma farfalhuda palmeira decorativa ao lado e, em recorte, um massivo (novo) lustre de pingentes aceso! Quase tão grande e cintilante como aquele que tenho na sala.
Impressionante!
Tiro-lhes o chapéu, mas tenho de tomar providências. Estes espanhóis estão a bater-me aos pontos!

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sexta-feira, julho 20, 2012

sem isco




Momento surreal da noite (até andava a estranhar tanta normalidade):
Ontem, estando pacatamente sentada na sala, começo a ouvir uns ruídos alarmantes nos andaimes da vivenda em frente — abandonada, decrépita, coberta por uma carcaça de vigas, zincos e telas vampirescas, e há muito à espera de obras, mas mais provavelmente a caminho de um fim em derrocada pela colina abaixo...).
Assustei-me! Em tempos idos, criaturas igualmente decrépitas, tentaram arrombar, roubar ou simplesmente pernoitar naquele esqueleto arquitectónico.
Sem me mexer apenas olhei para a rua e vi uma cana de pesca, à altura da minha janela e em "ponte" entre o prédio e a dita vivenda. Suspirando, imediatamente fiquei tranquila.
♬ «Tudo estava normal em Queluz ocidental
» ♬

Enquadramento devido: desde há dois ou três meses tenho novos vizinhos no andar ao lado. Espanhóis. Medo! Estes vizinhos marcam indelevelmente a sua presença (apesar de, se nos cruzarmos na rua, nem saber quem são). Numa palavra (que odeio solenemente), são a todo e qualquer instante p-r-ó a-c-t-i-v-o-s (tanto que tenho a contar sobre isso).
Vai daí, ser absolutamente normal que do outro lado da rua e à distância de pelo menos uns 1o metros — a partir da janela — tentem com uma cana de pesca, soltar uns farrapos de tela da casa fronteira, que se tinham enrolado nos andaimes. O propósito exacto de tal operação ultrapassa-me completamente, pois a tal tela (presa ou solta) não passa disso: simples farrapos.
Depois de repetidas tentativas (e imagino, muitas cãibras nos braços do vizinho), a manobra não foi bem sucedida.
Decorridos alguns minutos, vejo de novo a cana de pesca a investir nas telas. Olhando melhor, reparo que desta vez tem um grande x-acto amarrado na ponta (temos MacGyver espanhol!).
Após alguma insistência, e finalmente cortada e libertada a tela, a empreitada foi terminada (com os tais fantásticos farrapos agora soltos...) e decerto nuestros hermanos tiveram uma noite de sono muito mais descansada.
Ah! Regressando à cana de pesca... Inusitada ferramenta, pensarão vocês. Pois que não. Pois que não, assegura a fada.
Canas de pesca é o que não falta neste prédio!
Basta a qualquer inquilino (eu incluída) dirigir-se ao saguão comum às varandas das cozinhas para, à distância de um braço, livremente aceder a uma qualquer cana de pesca. E são muitas as disponíveis!
Assim constato que ainda tenho tantas, mas tantas, prosaicas curiosidades do quotidiano por relatar.
Todas com perfeito e adequado enquadramento na actual silly season... parece-me.

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segunda-feira, abril 27, 2009

sanguessugas

Estava aqui a fada a falar-vos embevecida sobre a vizinhança...
Pois hoje descobri um qualquer Thompson 605050U, or something, com as garras alapadas à minha rede wireless. Se apanho os chicos espertos...
Venham cá pedir-me raminhos de salsa, venham! >:|

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sexta-feira, abril 24, 2009

mi no comprenda


Para a fada alguns dos — pequenos — mistérios da natureza humana ficarão, para todo o sempre, por esclarecer.
Deixando de lado a busca do sentido da vida, vou dar-vos algumas pistas desses singelos fenómenos através de 3 exemplos da minha vizinhança:

Vizinhos disfuncionais #1
Não lhes consigo aferir a nacionalidade mas já percebi que são muuuuuuuitos. E isso reflete-se no enorme estendal de roupa pendurado à janela. Quando digo enorme, quero mesmo dizer gigantesco! Imaginem pilhas e pilhas e pilhas de roupa sobrepostas em duas periclitantes cordas, sem ou com apenas meia-dúzia de molas a prender.
Resultado: não há dia — e são TODOS os dias, acreditem — que uma imensa plantação de cuecas, peúgas, cobertores, ceroulas e lençóis não esteja a forrar as pedras da calçada, 3 andares abaixo.
Também nunca detectei alguma preocupação em recolher os trapos que, se necessário, ali ficam espezinhados no chão ad eternum, a corar ao sol (ou à chuva...).
É a chamada prática — literal — de deitar dinheiro à rua...

Vizinhos disfuncionais #2
Estes vivem q.b. perto do meu lar e definitivamente são bem mais tenebrosos. Com uma história familiar verdadeiramente disfuncional e absolutamente imprópria para ser relatada nestas paredes, têm desde sempre uma prática "inócua" que me deixa com pele de galinha.
Sempre que alguém quer entrar em casa simplesmente BERRA o nome do pai/mãe/marido/filho/avó/primo/cunhada/etc para abrir o trinco, isto à distância física e auditiva de outros 3 andares...
Ao iníco pensei que teriam a campainha do prédio avariada mas com o passar dos tempos, todos os dias (e a TODAS as horas) a cantoria manteve-se. E já lá vão mais de 7 anos %-|
Tendo em conta que, quando há arrufos conjugais a moça foge pela mansarda e corre, histérica aos gritos, pelos telhados, eu já não me chateio nada com tudo o resto.

Vizinhos disfuncionais #3
Estão perto, muito perto. São os do andar aqui por cima...
A prole gigantesca continua cá caída mas felizmente a criançada cresceu, acalmou nas batalhas campais e só os oiço, de vez em quando, a uivar em frente à Playstation.
O problema agora são os avós... Por alguma razão que a lógica desconhece, todas as campainhas do nosso prédio estão ligadas ao apartamento deles. E eles... que gostam muito de ir passar temporadas à terrinha tiveram nos últimos tempos, a brilhante ideia de desligar o quadro eléctrico sempre que viajam.
Resultado: nada faz trim-trim e os nossos familiares, amigos, carteiros, estafetas, entregas ao domicílio, homem do gás ou testemunhas do Jeóva ficam especados à porta, ingloriamente de dedo espetado no botão. Depois, sem obterem qualquer resposta das casas surdas/mudas, vão-se embora,
pois claro.

Considerando que em épocas festivas, como as "actuais férias" da Páscoa, as ausências dos velhotes são prolongadas, a vida nesta colmeia não tem sido nada fácil.
Solução: tenho que me lembrar de avisar as visitas para telefonarem quando chegam ao prédio e lá desço as escadas para lhes abrir a porta. A minha empregada, por exemplo, que nunca tem saldo no telemóvel, tenta sempre partir os vidros das janelas numa tentativa de me chamar a atenção.
Já me ocorreu que, outro recurso é adoptar a técnica descrita na esquizofrenia #2 e provar de uma vez por todas que ninguém está livre também, de se transformar — e num piscar de olhos — numa abécula disfuncional.
É triste. É a vida.

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sexta-feira, março 16, 2007

a sete chaves



Desde ontem que o meu precioso (e indispensável!) imac está amarrado ao tampo do estirador com uma forte corrente e trancado a cadeado! É verdade! E porquê?... Protecção ANTI-LADRÕES!!!
Pois... cartoons à parte, a casa da minha vizinha do lado – com subtil e fácil passagem para a minha – FOI ASSALTADA! Ainda estamos para descobrir exactamente como, mas o frigorífico e as bolachas foram desfalcados e, entre outros itens, o PC dela desapareceu! Isso ao menos deixou-a minimamente tranquila "porque se tivessem roubado a televisão, era MUITO pior!" Perspectivas...
Bom, dado que na véspera, a casa de um vizinho do prédio da frente também tinha sido assaltada (maior baixa: a playstation...), estou francamente com os cabelos em pé! E a tomar todas as precauções possíveis, pois é!
O pior é que, desconfio que a casa da vizinha foi roubada praticamente nas minhas barbas, enquanto um suposto cúmplice, todo ele falinhas mansas, estava à minha porta a pedir algum petisco para comer. E a boa da fada, coração mole e eterna ingénua, caíu na patranha. Lá lhe fui fazer umas sandochas com os meus pãezinhos 7 cereais e queijo regional de ovelha.
Imagino que, enquanto lhe preparava o pic-nic, deve ter tido tempo para, por entre a frincha da porta encostada, sondar o interior do palácio e avaliar o golpe seguinte. Pode ter ficado a salivar quando viu o tripé da máquina fotográfica (pressupondo que também haverá a dita cuja algures), o
ipod e uns dvd's prosaicamente pousados no móvel, entre outras coisas jeitosas e maneirinhas para enfiar no saco preto.
E ficou por ver tudo o que há para lá da esquina... porque, tal como a fome, também a curiosidade aguça o engenho...
Cuidado larápios, não se atrevam! A fada está à coca e pronta a lançar-vos sete pragas e a varinha às trombas!
Mas agora fiquei a pensar numa coisa... ao alcance da vista estava um par dos meus sapatinhos Fly London. Será que também reparou neles??? SOCORRO! =8-O

E nem de propósito... pelo preço de um copinho de leite, a Mouse está a promover o sucesso da fuga dos ladrões. Se não têm escrúpulos, arrisquem e tentem também dar o golpe! ;)

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sábado, setembro 16, 2006

valha-me a sorte



Nos últimos tempos a fada*do*lar tem andado aterrada com a sorte que a espera.
Depois de largos meses de tranquilidade com o andar do lado desocupado, ultimamente tenho ouvido muitas chaves à porta, os piquetes da EDP e finalmente berbequins e marteladelas às 8h da manhã.
Diagnóstico 1: Estão a partir a casa toda. Vou voltar a ter chinfrim e pó por todo o lado.
Diagnóstico 2: Não tarda nada tenho vizinhos novos, paredes meias com o meu palácio %-Ainda não conheço as criaturas, mas com os pesadelos das experiências anteriores (excepção para os meus queridos e saudosos ex-neighbors, a prezada família DADA), não sei o que fazer. Se vá, de joelhos, acender uma velinha em Fátima, ou se lance já uma macumba pela janela.
Entretanto todos os 378 membros da prole dos vizinhos do 2º Esq regressaram de férias e as paredes voltaram a tremer todo o santo dia. Confirma-se que o cão da família esticou o pernil.
A velha do 2º Dto continua com uma pontaria infalível. O meu balde da esfregona está cheio de pratinhas de queijos La vache qui ri (ela lá sabe...), não falhou um único. E continua freneticamente a lançar baldes de água pela janela do saguão, desta vez tendo como alvo o pobre gato do vizinho do r/c Dto.
Esse mesmo vizinho, um artista todo giraço, continua uma besta quadrada de primeira, a bater portas a qualquer hora do dia ou da noite, com tal violência que o estuque até salta.
Dos vizinhos do r/c Esq não há sinais de vida. Nem do tenor francês. Valha-me isso.
Como podem constatar: tudo normal no Castelo ocidental.

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quinta-feira, julho 27, 2006

bom dia!



São 06h45 in the morning.
A vida regressa ao normal na casa da fadinha, e a insónia também... %-Antes de responder a um comentário acabado de chegar a estas horas, fui à janela inspirar ar e ver as nuvens a correrem velozes, embora o vento tenha amainado.
Três segundos depois, da porta do prédio em frente saiu uma rapariga cheia de energia e cabelo acabado de lavar, mal virou a esquina e desapareceu, a porta do prédio seguinte abriu-se e saiu um senhor idoso de saco na mão, no momento exacto em que também virou a esquina, a vizinha do 3º andar do prédio da rapariga veio à varanda esticar e estender uma toalha, mal meteu a cabeça para dentro, de um outro prédio ao fundo da rua saiu outro senhor de camisa cor-de-rosa, colete e boné.
Acabou de passar debaixo da minha janela e desapareceu na outra esquina.
Mal acabou esta curta-metragem, voltei a ficar sozinha nesta cidade that never sleeps, só acompanhada pelos gatos vadios e os pombos que debicam as pedras da calçada.
Bem, bem... demasiada emoção para tão breves instantes. Acho que vou dormir. <:-)

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quarta-feira, junho 28, 2006

lá vai água



Ao fim de uns meses de tréguas, parece que me declararam guerra novamente.
Suspeito que a vizinha do 2º Dto, de 82 anos, andou a navegar no blog da fada-do-lar e leu algures as queixas sobre os bombardeamentos sofridos pela varanda da minha cozinha com cenouras murchas, couves podres, papéis de rebuçados do Dr. Bayer, entre outros mimos.
Este foi o passatempo preferido da senhora durante uns tempos, logo seguido pelo desporto do lançamento de alguidares de água – certamente cheia de boa vontade para me regar as plantas sequiosas...
Hoje voltei a ouvir um SPLASH! aparatoso e lá tenho a varanda novamente inundada e os vidros a escorrer.
Porquê mãezinha? Porquê?... %-(

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quinta-feira, maio 11, 2006

a fantasma



Nunca tinha pensado seriamente nisto, mas francamente começo a acreditar que vivo em cima de um qualquer ponto X, seguramente uma porta de passagem para a 5ª dimensão...
Desde há 2 anos – no mínimo – que quase todas as noites, rigorosamente entre as 5h e as 5h30 da manhã, oiço uma senhora, uma vizinha imagino, a FALAR AO TELEMÓVEL À JANELA!
Já para não falar do incómodo àquelas horas da madrugada, ou o desconforto de ouvir conversas alheias, o mais estranho é que de onde a voz me chega, não consigo identificar qual vizinha é a protagonista desta estranha proeza pois existem muito poucas janelas naquela direcção apontadas ou com capacidade para tal amplitude sonora.
Nem sempre consigo seguir as palavras das longas conversações mas são sempre em tom decidido e pragmático, quase um monólogo no divâ, em frente ao analista.
Felizmente já tive testemunhas destes estranhos telefonemas, senão ao longo do tempo começaria a convencer-me de que sou sonâmbula ou que sonho acordada (acontece... mas não neste caso).
Mas a noite passada, após um telefonema mais curto do que o habitual, aconteceu o – ainda mais – insólito: a senhora pôs-se a cantar! Sim, a cantar modinhas e ladaínhas de outros tempos, numa voz entoada e melodiosa, como se o fizesse enquanto ceifava trigo, ou fiava numa roca, ou entraçasse réstias de cebolas à sombra de uma árvore...
Sei lá, foram as imagens que me passaram pelos olhos...
Garanto-vos novamente: eu não estava a sonhar! %-|

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quinta-feira, maio 04, 2006

o rés-do-chão esquerdo



O mistério do Sr. XXX (para quem não se lembra foi relatado aqui) está resolvido, sort of speaking...
E infelizmente da pior forma. Afinal o Sr. XXX, pessoa de trato e estrutura óssea fina, é o novo proprietário do r/c esquerdo. É na casa dele que existiam problemas misteriosos (manchas e pingos) no tecto da cozinha. Este é um drama antigo que ao longo de 3 anos eu e o meu saudoso ex-vizinho Adalberto (os bons mudam-se sempre!) tentámos resolver. Sempre sem resultado, mas a coisa não parecia muito grave.
Pois sim... desta vez resolveram fazer um buraquito – um mero metro quadrado de escavação – para espreitarem o que por ali se passava. E a surpresa foi devastadora, assim como o alargamento do buraco: meio tecto da cozinha partido, muitos barrotes podres e uma placa de betão de 200 kilos em periclitante equilíbrio.
Diagnóstico: uma infiltração medonha com origem na minha pobre banheira que ficou a nu, literalmente! Não imaginam a sensação de olhar para a nossa banheirinha, vista de baixo... em suspenso por cima da cabeça. E a outra curiosa sensação de tomar duche em 3 segundos, espremida a um cantinho, com um pé de fora, a rezar a todos os santinhos para que os 3 kilos que engordei desde o Natal, não fizessem “a diferença”.
Fora de brincadeiras, a banheira estava em riscos de vir parar ao andar de baixo...
Bem, o chavascal durou 5 dias a fio de marteladelas e berbequins, com os tijolos e os rodapés do meu corredor à vista e com panorâmica directa para a cozinha de baixo. Felizmente os rapazitos das obras, além de competentes (sim, é verdade!), eram simpáticos e jeitosos, muito estilo Coca-Cola Light, eheheheheh.
Além da compensação de já poder tomar banhos de imersão sem receios, estou a tentar sobreviver à intoxicação pelos vapores dos betumes, tintas e vernizes e à poeira acumulada. Agora só me falta aguardar a conta brutal que vou ter de liquidar, glup, %-(
Só não vou pagar a taxa de urgência que ele exigiu aos trabalhadores porque o senhor estava em completo stress com compromissos para o aluguer (temporário) da casa. Por isso, para estar tudo pronto a tempo, ontem ficou até às 05h30 da manhã a acartar e a arrastar móveis, a lixar não sei o quê, a lavar vidros e outros mimos domésticos. Como eu também tinha de trabalhar toda a noite (silenciosamente ao computador), foi óptimo porque, com o grau de barulho que vinha do andar de baixo, não corri o risco de adormecer.

E amanhã entra o novo inquilino.
Um senhor. Francês. Vai integrar a próxima temporada do São Carlos. É tenor.
Já me avisaram para não estranhar se o ouvir a praticar escalas de voz.

[A partir de hoje jamais voltarei a repetir as palavras da minha gracinha habitual, aquela de que: “a minha vida é um desenho animado...” – porque um dia destes levo mesmo com um piano em cima da cabeça!]

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quinta-feira, abril 13, 2006

o 2º esquerdo

Os meus vizinhos de cima, são um casal de velhotes inofensivos, assim... à primeira vista...
A senhora é um doce, dentro do seu bibe de quadradinhos, passeando pela trela um cão com ±114 anos. O senhor, do pouco que lhe ouvi a voz, mais parece rosnar ao chamar pela Maria, mas a televisão dele ouve-se na perfeição.
Mudaram-se há pouco mais de um ano e, logo nos primeiros dias, percebi que não iria ter grandes problemas com eles, mas o mesmo não se iria passar com o resto da família. Sinceramente até à data ainda não consegui contabilizar quantos filhos e netos têm... mas que estão cá sempre (r-i-g-o-s-a-m-e-n-t-e todos os dias apartir das 07h45 da manhã), sobre isso não tenho a menor dúvida. Não imaginam as crises de nervos e de desespero que sofro com estas criaturas. Os adultos têm pés de chumbo (a qualquer hora), sendo que a ala feminina não abdica de andar de botas e saltos altos a correr pelos corredores de madeira. Quanto às crianças... até os familiares se exasperam com elas. Imaginem eu, com o meu lustre de mais de 1 metro de diâmetro, a baloiçar prosaicamente, enquanto elas saltam à corda.
Ando a perder a cabeleira, mas sou eu própria que a arranco %-(

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Ontem, às 07h30 in the morning, começei a ouvir ruídos ainda mais estranhos do que o habitual...
Entre raspadelas e marteladelas, o reboliço no 2º Esq. impediu-me de dormir
descansada. Às voltas enrolada nos lençóis fiquei com os cabelos em pé quando, às 08h30 tocaram à campainha. Claro que não respondi e, furiosa, mantive a insónia por mais umas horas porque o barulho não parou.
À tarde, encontrei na caixa do correio, um naco de papel esfarrapado com umas garatujas que me levaram horas a decifrar. Tentavam explicar qualquer coisa como: o Sr. XXX pedia desculpa pelo incómodo mas estava com problemas na cozinha e o pedreiro queria vir cá inspeccionar os meus canos. Iria estar fora até 2ª feira próxima mas solicitava que eu abrisse a porta ao trôlha, quiçá quando, quiçá a que horas...
Ao assinar, o dito senhor agradeceu e identificou-se como proprietário do 1º Esq.
O curioso é que o 1º Esq. é de propriedade MINHA.

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Esta manhã, lá pelas 07h00 e picos... ouvi outro reboliço espantoso, desta vez nas grades das varandas do andar de cima.
Estranho... porque o chinfrim era grande e foi prolongado. Fui esticar o pescoço à janela e nada vi, mas logo a seguir o reboliço alastrou-se pelo interior da casa. Com várias – muitas – pessoas a correram de um lado para o outro, a abrirem gavetas e armários, a arrastarem móveis, a darem saltos mortais.
Nesse momento fiquei apreensiva porque, : uma vez já tentaram assaltar o andar de cima trepando pelas grades das janelas e pelas varandas... : o senhor escreveu que ia estar ausente até 2ª feira (a questão do 1º Esq. podia ter sido uma gralha...), : ainda não eram horas para o pedreiro & numerosa equipa estarem a mexer na mobília e a vasculharem nos quartos.
Conclusão: são mesmo ladrões!!! =%-O
De orelhas espetadas a ouvir o desenrolar das aventuras e enquanto procurava um qualquer número de emergência, ouvi a porta do prédio abrir-se e o casal de velhotes subir com alguns elementos da prole. Vão apanhá-los em flagrante!!! Mas, afinal só regressaram a casa, juntando-se ao resto dos outros 34 filhos, noras e enteados (???!!!).
Passados 5 minutos começam todos a descer as escadas aos tropeções. Abri a porta e saudei o Sr. XXX que arfava com 4 malas e uma geleira na mão. Sr. XXX eu???, não... sou o Sr. YYY, e do Sr. XXX nunca ouvi falar! Obras? Canos? Muito menos!
Bem, entre a sensação de alívio, de confusão e de estupidez, fico contente por ter sido informada que a família vai passar a Páscoa à terra.
Em relação a tudo o resto... deve ter sido um qualquer fenómeno Twilight Zone...

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sábado, fevereiro 18, 2006

pragas

© gettyimages
Grunft... estava a fadinha, de toalha enrolada acabada de sair do banho, quando o telefone tocou. Era a vizinha da fente, a minha favorita, um doce de senhora no alto dos seus 94 anos.
Ligou “a procurar” se eu estava bem, mais concretamente, se eu estava viva... “porque para se morrer não é preciso ser velho...”, até já aconteceu aqui na rua “uma vizinha esticou o pernil e só deram conta quando o cão latiu dias a fio intoxicado com o cheiro”. Portanto a partir de agora, sempre que eu desaparecer do mapa “faça o favor de avisar!!!”.
Todo este nervosismo, simplesmente porque estive 5 dias com as janelas fechadas (os dias da minha viagem). A preocupação até foi transmitida à vizinha de cima que veio 2 vezes tocar à porta e questionar a minha empregada sobre o meu paradeiro (acabei mesmo agora de descobrir...).
As minhas ausências frequentes sempre causaram alguma perturbação mas agora a confiança está a ultrapassar a minha boa-vontade e complacência. No verão é normal entrarem em pânico se deixo alguma janela aberta e imaginam mil e um ladrões em festa cá em casa – uma delas vivia em stress com a fobia de que podiam atirar beatas acesas para dentro do meu quarto (no comments) e etc, etc etc.
Uma hora mais tarde, com o ouvido ainda a zunir e completamente enregelada com a toalha húmida, tento convencer-me que é tudo com boa intenção, porque pelo menos da vizinha quase centenária eu sei que é, mas... da próxima vez que viajar vou deixar uma luz acesa à janela. %-[

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sexta-feira, janeiro 20, 2006

o carteiro nunca toca


Esta manhã chegou uma bela encomenda, via CTT, para a fada-do-lar.
Mas, não estando na sua residência à hora do carteiro tocar, o pacote foi-lhe entregue, mais tarde, pelas mãos da vizinha de cima, que por sua vez o tinha ido buscar à casa da vizinha do prédio em frente, que por sua vez tinha assinado o documento de recepção da dita encomenda.
A cooperação inter-neighbors é digna de nota, mas não a leviandade e falta de profissionalismo do senhor carteiro. De referir que esta cadeia de entrega “doméstica”, pelas mãos de quem apanha a correspondência alheia, é prática recorrente neste bairro. Tudo certamente para ajudar a classe de carteiros deste país, tão revoltada nos últimos tempos...
Ainda por cima os pacotes vêm revestidos de terríveis vinhetas autocolantes a fazer as vezes de um belo e banal selinho, ao que parece hoje em dia acessível só a coleccionadores. Vida moderna, tchm-tchm!

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