sexta-feira, novembro 29, 2013

faminta


Estou assustada. Não sei o que se passa com a Milú. 
Nos últimos tempos não a reconheço (tirando o pormenor de nem conseguir ver-lhe os olhos, tal vai o comprimento das rastas que cobrem a bicha...).
Depois de uns dias em que tivemos a casa invadida por senhores das obras, ficou uma pilha de nervos, sempre a tremelicar, feita mademoiselle triques-à-beirinha ou como se estivessem 20º negativos debaixo do tecto. Suponho que sentiu o seu território ameaçado (ninguém lhe fez mal) mas a coisa progrediu para uns choramingares e inquietações que quase me levaram a pensar que estivesse doente. Passou-lhe, e a meu ver, foi só mimalhice.
Superados esses achaques, agora, agora... deu-lhe para outra coisa: comer. 
Das duas uma, ou foi atacada por uma bicha solitária, ou está a armazenar banha e a preparar-se para entrar em hibernação durante a próxima década.
Come, e come, e come, como se não houvesse amanhã, e devo frisar que sempre tive grande orgulho na minha Milecas, por ser rapariga frugal, nada sôfrega (excepto com ossos, mas isso é outra conversa) e, só ir delicadamente depenicar a tijela da ração quando algum ratito na barriga assim o exige.
Ou seja, nestes mais de 5 anos de abençoada co-existência teve sempre o prato cheio de manhã à noite e a comida durava pelo menos 3 dias.
Mas agora, agora... oiço-a a mastigar todo o santo dia e a tal dose, que ali ficava a ganhar pó, esvai-se num piscar de olhos.
E se encho outra vez, ela come, e come, e come...
Se não encho, sou brindada com um toc-toc-toc pica-miolos, de abanar a tigela a pedir por mais. Ando a reduzir as quantidades, mas se estes apetites continuam, qualquer dia tropeço numa marmota a meio do corredor.
E pronto, lá está ela outra vez... estou a ouvir os munch-munch...
 
 (o que ela queria, era isto)

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quarta-feira, novembro 27, 2013

eu tenho 2 terrores...


...que em tudo são iguais....
...mas não tenho a certeza, qual detesto mais...

A sério, tenho 2 clientes que parecem ser copiados a papel químico no que, à demência, irracionalidade e falta de visão pragmática, diz respeito.
Pespegaram-me nas mãos 2 projectos: colados com cuspo, ao sabor do vento, do improviso, da incompetência e acima de tudo, do capricho alienado destes senhores. O primeiro (que devia estar internado e proibido de qualquer contacto com o mundo exterior) quer uma mega fotobiografia de uma sumidade parda nacional (400 páginazitas dela, assim, só para abrir o apetite), pronta numa semana (!), pois claro, porque acordou agora para a vida e precisa dela como prenda de Natal prós amigos e famelga... 
Conteúdos, zero! Previsão de entrega, nem vê-la ou sistematicamente furada! Cronogramas com gráficas, tarefa impossível, porque nem sabe do que fala! Discussões, em barda! E é uma sorte eu ter coração mole e estomâgo rijo! E depois de ter perdido muito do meu tempo e da minha paciência com esta gente que vive no planeta "eu exigo e tu fazes sem piar, só porque sim", resta roer as unhas, engolir sapos, bater com a cabeça na parede e, na verdade, suspirar de alívio.
Ainda não percebi se a coisa afinal vai para a frente (um dia... quiçá), ou não. Aqui entre nós: se avançar não será comigo, mesmo que isso represente um rombo muito violento no orçamento. Quero preservar alguma sanidade mental, acima de tudo.
O outro cliente... mesmo sendo um amigo com quem tenho a confiança de dar berros e murros na mesa, também é tão volátil como álcool etílico e faz-me a cabeça em água. Tinha que fazer um catálogo (só umas 64 páginas, coisa pouca, valha-nos isso) nuns meros 3 dias, fim-de-semana incluído. Ok... let's do it, mesmo faltando ainda algum material. Afinal não, decidiu que não se fazia catálogo e lá vai água, que é como quem diz: horas de trabalho para o lixo.
Mas esperem, deixem o rapaz dormir sobre o assunto, e afinal – surpresa – já há catálogo outra vez! E, oba-oba, para amanhã (literal!).
O retrato do pesadelo. Mas isto é vida para alguém? Como aguenta uma fada, mesmo se andasse a emborcar pastilhinhas para os nervos?
E ainda falta o trabalho "corrente" que não posso falhar. Nada mais, nada menos do que, 880 páginas de ensaios académicos sobre c-a-s-t-e-l-o-s! (em algum momento da vida, tenho a certeza de que fui eu quem suspirou por isto...). Não sendo um cliente directo, ao menos este não é (tão) neurótico e, num momento de lucidez, até concedeu a abébia de uma extensão de 15 dias para o prazo de entrega desta epopeia hercúlea. Ufa! está quase.
Se, porventura conhecerem alguém, inteligente, fôfinho, organizado e capaz de ouvir um comentário/ parecer/ dúvida/ facto/ durante 30 segundos seguidos, e precise de uns dézines gráficos honestos, digam-lhe para vir bater a esta porta, que de outra forma estou a dois passos da loucura.
E a vida podia ser tão maravilhosamente simples. 
(Porquê, Zeus? Porquê?)

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segunda-feira, novembro 25, 2013

dream on

Isto anda mesmo esquisito.
Ou não será inusitado ter recebido muito recentemente, não uma, não duas, mas três mensagens, de duas amigas e um amigo, a comunicarem que sonharam comigo?
Será premonição de algo? 
Sendo um mimo saber que também vivo no inconsciente de quem gosto, só espero não causar pesadelos a ninguém %\

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domingo, novembro 24, 2013

sincronização


Qual é a probabilidade de alguém: 
– arrastar, escada abaixo, a carcaça de uma barata (morta, mortinha, já bem planificada e praticamente liofilizada), ao longo de 2 andares;
– no rés-do-chão, fazer pontaria e conseguir chutá-la para a rua através da frincha da porta de entrada;
– conseguir que a dita cuja aterrasse – de patas para o ar –, em cima dos pés da pessoa que, no exterior e nesse exacto momento, se preparava para entrar no prédio.
?
Volto a repetir: qual é a probabilidade? 
Nenhuma? Concordo. Ou, vá, quase nula?
Salvo... se, a pessoa em questão prestes a meter a chave à fechadura for eu.
Passado o susto e reacção inicial de gritar e levantar os olhos para as nuvens: "argh! pelos deuses do Olímpo, do céu chovem baratas!?", interrogo-me incrédula porque raio não jogo no euromilhões todas as semanas.
Aliás, regarding the odds, talvez devesse apostar todos os dias. A probabilidade confirma jackpot garantido.

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sexta-feira, novembro 01, 2013

marticia*

 Ah... a vida no recato do lar/masmorra, a que basicamente tenho estado confinada.
Ah... os pequenos horrores contínuos que tornam as horas arrepiantemente excitantes.
Ah... os grandes imprevistos que sugam todas as pingas de sangue.
Ah... as surpresas psicológicas que deixam a mente e a tez lívida.
Ah... as torturas que massacram cada músculo do corpo.
E tudo convenientemente na época apropriada do ano.
Ah... 
 Oh, sim, sim! Completamente.
 
* (de mártir: pessoa que sofre tormentos ou a morte por uma crença, uma ideia ou uma causa.)

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