Rapariga snobish que sou, confesso que (à falta de carro), gosto de deslocar-me por esta cidade a pé (apesar da calçada ser o calvário para meus sapatos), no clássico eléctrico das colinas, de metro (quando o tempo aperta) e de preferência (claro...) de táxi.
No entanto sofri recentemente uma alteração em certas rotas diárias e, por imperativos do destino, situações há em que tenho que apanhar o bus. Sim, o autocarro laranjinha no qual não punha os pés desde tempos imemoriais. Tudo bem, simplesmente e felizmente porque não sou obrigada a viajar em horas, digamos, de apertos. Bom... nem sempre...
No outro dia, por artes ou encantos mágicos, um pacato bus da Carris a circular junto ao rio em horário insuspeito, num piscar de olhos ficou de tal forma apinhado que mal se conseguia respirar. Turistas, velhinhos, putos, mais turistas, mães de família e ainda mais e mais turistas, todos esborrachados e empilhados, a entupir os corredores e a ocupar todos os lugares. Correcção; todos os lugares MENOS UM: aquele ao lado do meu...
Ora sff, sigam o meu raciocínio petrificado ao constatar tal fenómeno, enquanto a viagem seguia aos tropeções:
banho – Tomado menos de 2 horas antes.
cabelo – Meio desalinhado como sempre, mas limpo.
maquilhagem – Acqua sapone, excepto discreto rímel negro.
unhas – Imaculadas.
verniz – Sem lasca.
roupa – Sem nódoa e discreta excepto, talvez, a saia Cacharel. Mas nem se via.
sapatos – Parzinho delicado da minha amada colecção e sem furo na sola!
cheiro – Ok, o meu perfume preferido acabou, mas uso um novo. Gucci.
espaço envolvente – Malinha prosaicamente no colo, nenhuma bagagem volumosa ou sacos de plástico aos pés.
possíveis factores externos – Um cartaz nas costas? Um vaso de flores na cabeça? Uma cagadela de pombo no ombro? Não, nada.
Conclusão? Nenhuma!
Embrenhada o resto do percurso numa profunda auto-análise e pensamentos sobre os estranhos desígnios dos comportamentos humanos, não parei de olhar à minha volta, com expressão de criança abandonada e olhos de Bambi.
Why? Why?... E assim ganhou a fada um novo trauma. Não mereço :(
Etiquetas: fairy diary