faminta
Estou assustada. Não sei o que se passa com a Milú.
Nos últimos tempos não a reconheço (tirando o pormenor de nem conseguir ver-lhe os olhos, tal vai o comprimento das rastas que cobrem a bicha...).
Depois de uns dias em que tivemos a casa invadida por senhores das obras, ficou uma pilha de nervos, sempre a tremelicar, feita mademoiselle triques-à-beirinha ou como se estivessem 20º negativos debaixo do tecto. Suponho que sentiu o seu território ameaçado (ninguém lhe fez mal) mas a coisa progrediu para uns choramingares e inquietações que quase me levaram a pensar que estivesse doente. Passou-lhe, e a meu ver, foi só mimalhice.
Superados esses achaques, agora, agora... deu-lhe para outra coisa: comer.
Das duas uma, ou foi atacada por uma bicha solitária, ou está a armazenar banha e a preparar-se para entrar em hibernação durante a próxima década.
Das duas uma, ou foi atacada por uma bicha solitária, ou está a armazenar banha e a preparar-se para entrar em hibernação durante a próxima década.
Come, e come, e come, como se não houvesse amanhã, e devo frisar que sempre tive grande orgulho na minha Milecas, por ser rapariga frugal, nada sôfrega (excepto com ossos, mas isso é outra conversa) e, só ir delicadamente depenicar a tijela da ração quando algum ratito na barriga assim o exige.
Ou seja, nestes mais de 5 anos de abençoada co-existência teve sempre o prato cheio de manhã à noite e a comida durava pelo menos 3 dias.
Mas agora, agora... oiço-a a mastigar todo o santo dia e a tal dose, que ali ficava a ganhar pó, esvai-se num piscar de olhos.
E se encho outra vez, ela come, e come, e come...
Se não encho, sou brindada com um toc-toc-toc pica-miolos, de abanar a tigela a pedir por mais. Ando a reduzir as quantidades, mas se estes apetites continuam, qualquer dia tropeço numa marmota a meio do corredor.
E pronto, lá está ela outra vez... estou a ouvir os munch-munch...
(o que ela queria, era isto)
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