existo! algures...
Há poucos dias entre garfadas, uma querida amiga dizia-me com ar desesperado:
— Não aguento mais! A ansiedade, o nervosismo, a expectativa. Esta absoluta e absurda dependência que temos das "tecnologias de comunicação", está a deixar-me doida! Pus o computador a um canto e desliguei-o, quanto ao telemóvel, agarrei nele e levei-o para casa da minha mãe. Pousei-o e saí!
— Pois... como te percebo — sussurrei debilmente, abanando a cabeça.
Ora cá está outra estrepitosa ironia da vida.
Recentemente embarquei numa nova aventura "profissional", um trabalho chatinho de formiguinha, mas que até tem muitas vantagens, verdade seja dita.
Para além de muitos telefonemas e sms's, a tarefa resume-se essencialmente a um processo quase contínuo de escrever mails, mails, mails, mails e mais mails, chats, chats, chats, chats e mais chats, consultar sites, sites, sites, sites, sites e mais sites, e voltar a escrever mails, mails, mails, mails e mais mails de resposta aos mails anteriores.
E isto t-o-d-o-s os dias e a q-u-a-l-q-u-e-r hora.
Não, não estou a vender sabonetes no ebay, nem em campanhas de spam ou da banha-da-cobra, nem a gerir cotações da bolsa. Enfim, para ser sincera até nem desgosto desta ocupação.
O problema resume-se ao que a minha amiga se referia: a dependência extrema.
Para agravar o que já era grave, constato que me enrolei numa bola de neve, com outra bola — de chumbo — presa ao tornozelo.
Em pouco mais de 2 semanas, o meu desejo deixou de ser (assim que acumular umas parcas economias), ir a correr comprar 5 pares de sapatinhos e 7 vestidinhos. Agora só sonho com um portátil, um ipad ou um iphone. Ou melhor ainda, uma antena de atarrachar à cabeça para, a qualquer momento e em qualquer lugar (inclusivé debaixo de água), estar em permanente ligação à internet.
Mesmo sem grandes alternativas, é triste e cansativo, muito. Preferia falar de viva voz com as pessoas, tentando um discurso articulado, ou na falta dele, engasgar-me a rir, com soluços, pausas de respiração e enganos de dislexia a fazer as vezes dos erros ortográficos. E olhar nos olhos, claro, esticar um dedo e provocar cócegas. Preferia ir ao cinema em vez de fazer downloads piratas. Preferia viajar em vez de olhar para as fotografias das férias dos outros, no facebook. Preferia sentar-me numa esplanada e ter o mar à frente, em vez do sreensaver do monitor. No mínimo, preferia escrever um postal, ou mensagens especiais, numa folha de papel e lamber o selo a colar no envelope.
Sabendo que nunca lidei particularmente bem com o real, confesso, estou em risco de me tornar totalmente virtual. Sinto-me em processo de desmaterialização, a transformar-me em pixéis e algoritmos.
Mesmo com nódoas negras, tragam a minha carne e os meus ossos de volta!
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Muito bem, a humana tresloucada falou. Agora com licença, que aqui a fada tem de publicar esta prosa, actualizar links, visitar vizinhos, enviar comentários e começar o draft do post de amanhã. Este blog não cresce nas árvores, sabiam!?
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— Não aguento mais! A ansiedade, o nervosismo, a expectativa. Esta absoluta e absurda dependência que temos das "tecnologias de comunicação", está a deixar-me doida! Pus o computador a um canto e desliguei-o, quanto ao telemóvel, agarrei nele e levei-o para casa da minha mãe. Pousei-o e saí!
— Pois... como te percebo — sussurrei debilmente, abanando a cabeça.
Ora cá está outra estrepitosa ironia da vida.
Recentemente embarquei numa nova aventura "profissional", um trabalho chatinho de formiguinha, mas que até tem muitas vantagens, verdade seja dita.
Para além de muitos telefonemas e sms's, a tarefa resume-se essencialmente a um processo quase contínuo de escrever mails, mails, mails, mails e mais mails, chats, chats, chats, chats e mais chats, consultar sites, sites, sites, sites, sites e mais sites, e voltar a escrever mails, mails, mails, mails e mais mails de resposta aos mails anteriores.
E isto t-o-d-o-s os dias e a q-u-a-l-q-u-e-r hora.
Não, não estou a vender sabonetes no ebay, nem em campanhas de spam ou da banha-da-cobra, nem a gerir cotações da bolsa. Enfim, para ser sincera até nem desgosto desta ocupação.
O problema resume-se ao que a minha amiga se referia: a dependência extrema.
Para agravar o que já era grave, constato que me enrolei numa bola de neve, com outra bola — de chumbo — presa ao tornozelo.
Em pouco mais de 2 semanas, o meu desejo deixou de ser (assim que acumular umas parcas economias), ir a correr comprar 5 pares de sapatinhos e 7 vestidinhos. Agora só sonho com um portátil, um ipad ou um iphone. Ou melhor ainda, uma antena de atarrachar à cabeça para, a qualquer momento e em qualquer lugar (inclusivé debaixo de água), estar em permanente ligação à internet.
Mesmo sem grandes alternativas, é triste e cansativo, muito. Preferia falar de viva voz com as pessoas, tentando um discurso articulado, ou na falta dele, engasgar-me a rir, com soluços, pausas de respiração e enganos de dislexia a fazer as vezes dos erros ortográficos. E olhar nos olhos, claro, esticar um dedo e provocar cócegas. Preferia ir ao cinema em vez de fazer downloads piratas. Preferia viajar em vez de olhar para as fotografias das férias dos outros, no facebook. Preferia sentar-me numa esplanada e ter o mar à frente, em vez do sreensaver do monitor. No mínimo, preferia escrever um postal, ou mensagens especiais, numa folha de papel e lamber o selo a colar no envelope.
Sabendo que nunca lidei particularmente bem com o real, confesso, estou em risco de me tornar totalmente virtual. Sinto-me em processo de desmaterialização, a transformar-me em pixéis e algoritmos.
Mesmo com nódoas negras, tragam a minha carne e os meus ossos de volta!
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Muito bem, a humana tresloucada falou. Agora com licença, que aqui a fada tem de publicar esta prosa, actualizar links, visitar vizinhos, enviar comentários e começar o draft do post de amanhã. Este blog não cresce nas árvores, sabiam!?
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Hum. Sim, sim, sem dúvida que a realidade virtual tem coisas maravilhosas! Em paralelo com outras tão frustrantes como window shopping.
nota
Há uns meses, um amigo enviou-me por email a imagem que serve de ilustração a este post. Há uns dias estive a ver o filme Peyton Place (1957) — uma das muitas piratarias que tenho de reserva —, e impressionada com a beleza de uma das actrizes
(Hope Lange) não resisti em googlá-la.
Da forma mais insuspeita descobri que é a menina retratada na imagem.
Small world, hein? Cá está uma VVV: Virtude da Vida Virtual. :)
Há uns meses, um amigo enviou-me por email a imagem que serve de ilustração a este post. Há uns dias estive a ver o filme Peyton Place (1957) — uma das muitas piratarias que tenho de reserva —, e impressionada com a beleza de uma das actrizes
(Hope Lange) não resisti em googlá-la.
Da forma mais insuspeita descobri que é a menina retratada na imagem.
Small world, hein? Cá está uma VVV: Virtude da Vida Virtual. :)
Etiquetas: fairy diary
2 Comments:
É mesmo. Dependo inteiramente da net para fazer o meu trabalho, por isso, quando falha, dou por mim qual ratinho na roda, a ligar freneticamente para tudo quanto é helpdesk e a coçar-me toda. E ainda bem que não tenho nenhum iQualquer-coisa, porque aí então nem quando desligo o PC teria descanso! A tentação é enorme...
Pelas barbas de Merlin, isto é mesmo um stress! Até quando saio a passear a Milú. Já estive na areia a trabalhar com um ipad alheio. Raios!
Ao menos agora estou desculpada. É um mal incontornavelmente necessário por razões de trabalho 24/24h ou quase.
Pior (ou não) era quando passava as mesmas 24h a navegar, só por "motivos lúdicos"...
*** suspiro***
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