quinta-feira, julho 19, 2012

às riscas



Quando era catraia (and long after...) e se aproximava uma visita dos meus tios e primos de Nova York, fazia sempre uma listinha de tralhas "especiais e raras" para me trazerem dos USA.
Nos pedidos recorrentes constavam fatiotas novas para o meu Snoopy de peluche (invejado por todas as colegas no colégio), quaisquer outras peças com a temática Snoopy, cof-cof..., sneakers cor-de-rosa (jamais vistos neste país), muitos chocolates Hershey's, kit's para pintar ovos da Páscoa, partilhas elásticas com sabor a uva (uns monolitos absurdamente gigantes e duríssimos) e mais um sem fim de tesouros — a meus olhos — fantásticos, preciosos e vindos de outer space.
E havia outro item que nunca falhava no rol de desejos: um tubo de pasta de dentes!
Vou ser mais específica: pasta de dentes às r-i-s-c-a-s!!! Sim, isto passou-se no século passado e, para a fada miúda, tal luxo era o epítome da sofisticação.
As minhas favoritas vinham em tubos, quase tão largos quanto o perímetro da minha mão, que quando espremidos faziam brotar minhocas reluzentes e perfeitas de espirais brancas e vermelhas. Até... chegar a meio do dito tubo, quando a coisa — para grande frustração minha — começava a transforma-se numa mistela cor-de-rosa encardido.
Acontece que a mania ficou-me para a vida, e o uso de pasta de dentes às riscas continua a ser prática corrente.
E a frustração mantêm-se. Agravada diria, pela corrente inclusão do azul na mistela com que quotidianamente esfrego os dentes.
Chegada a meio do tubo, já sei que o grafismo perfeito e look lollipop se transformam numa massa cor-de-burro-quando-foge, declaradamente a fugir para um burro roxo agoniado.
Conhecendo a roda das cores é fácil a identificação na mistura da paleta: branco+vermelho+azul.
Arght!

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