a razão explica tudo...
... ou talvez não.
Novamente numa varanda no Chiado, a chuviscar e já muito tarde na noite.
Cena observada a um par de andares de altura: 2 homens sobem penosamente a rua.
Um, baixinho, de bóina, saia preta pelo joelho e botas de cano (houve alguma festa no Lux e não fui informada?). O outro, muito alto, igualmente de bóina e mochila às costas, optou por tapar os caniços com um previsível par de calças.
O primeiro dissertava apaixonadamente sobre os efeitos da aderência da sola dos sapatos idênticos que ambos calçavam, qualquer coisa como um misto de dr. martens e botifarras de pescador (ao que percebi no meio da escuridão). A cada exercício anti-derrapagem que o senhor demonstrava (chiando no asfalto), virava-se para o amigo e mostrava convicto, vês? vês?, acrescentando empolgado muitos, percebes? percebes? Compreendi que o assunto lhe era caro.
Happening inusitado, talvez, mas não tanto quanto o mistério dos estranhos objectos que esta dupla carregava nas mãos: uns paus muito longos, grossos e torneados, que de relance sugeriam bengalas gigantes ou apetrechos da caça ao espadarte.
Esforcei-me, mas não consegui encaixar o "todo" da situação. Provavelmente a justificação poderá ser muito óbvia: tinham acabado de sair do ensaio de um grupo de Pauliteiros de Miranda, ou mesmo de um grupo desportivo de salto à vara. Ou ainda, quem sabe, as estranhas varetas poderiam ser simples varões de cortinados encontrados na rua que, depois de reciclados, serão ideais para a prática de pole dance em casa.
Sei bem, teoricamente há sempre uma razão plausível para tudo, still... vou continuar a dormir sobre o assunto.
Etiquetas: fairy diary
2 Comments:
gosto muito destas histórias
gosto imenso deste blog
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