diário de uma fada #11

corria o mês de Dezembro
demasiado perú para os meus dentes

Ora, não há verdadeiro Natal, sem o tradicional piiiirú!
Lá vai uma fada, atempadamente, ao talho da sua confiança encomendar a ave.
— São uns 4,5 quilos dele, s.f.f., bem aviado...
Após o pedido ser registado no bloco de notas do talhante, as despedidas foram cheias de sorrisos e um efusivo "até amanhã"!
No dia seguinte à hora marcada, ao aproximar-me do balcão, nem sequer tive tempo para abrir a boca.
— O perú não era para hoje POIS NÃO??? Não fiz a encomenda, pensei que fosse só para amanhã, não olhei para os apontamentos... Hoje não tenho perús!!!
O pânico instantaneamente estampado na minha cara foi idêntico ao do senhor à minha frente.
— Mas... mas... mas... O MEU JANTAR É AMANHÃ! (dia 23 de Dezembro e não 24, so what?). A carne precisa de ficar a noite toda a marinar para entrar no forno amanhã a seguir ao almoço!!!
Solução após o maior drama jamais vivido dentro das paredes de um talho: a grande custo acabei por açambarcar o único perú que havia no estabelecimento, encomenda de um cliente que daí nada deve ter aparecido a reclamá-lo (eeeerrrr... not my problem, certo?).
Única ligeira diferença em relação ao meu: em vez de 4,5 kg, tinha 7 kg!!!
Eu tinha pedido bem aviado, não foi? Fizeram-me $ desconto, valha-me a cortesia da casa...

E cá está o resultado final (poupem-me os comentários aos tomatinhos c-h-e-r-r-y).
Modéstia à parte, acho que ficou bem saboroso. Pelo menos foi o que os convidados disseram, mas se tivermos em conta que o bicho só foi servido às 2h da manhã (!!!!) e que por pouco não houve anemias nem desmaios por subnutrição, a opinião pode ser algo relativa...
Vou poupar-vos os detalhes da saga que foi limpar e arrancar entranhas (arght), lavar, marinar, enxugar, rechear e costurar uma carcaça desta dimensão. Já para não falar na luta com o forno e quase o dobro de horas que foram necessárias para assar...
Ufa! Só de relembrar fiquei exausta.